Confissão
Agora ele vai fumar outro cigarro tirando o maço do bolso com aquela urgência de escudo.
Vai olhar para ela e encolher os ombros.
Não consegue fixar o olhar e se move eufórico, igual criança que conta as novidades da excursão pro zoológico.
Ela acha graça e continua sorrindo, com mais delícia que interesse.
Ela queria parar a delícia, pegar e guardar! Ou então, melhor que ele apagasse o cigarro bem no meio do peito dela...
Ele vai entender a cartada e se aproximar, quase obrigando-se.
Com um gesto evasivo, roça os seios dela com a mão ainda quente. Desenha sua cintura com uma larga carícia. Os olhos acompanham o movimento e de repente, a pegada se transforma com a força e impetuosidade que a razão exige.
Apertados um contra o outro, naquela situação em que a definição do desejo é tão incerta e irritante, ela só queria que o cigarro ainda estivesse queimando pra que pudesse dar vazão a uma seqüência de cenas que seriam pelo menos mais lógicas; enfim, aproveitando a inspiração de despeito que traz o inevitável, ela levanta a cabeça sonâmbula, puxa o cabelo dele com precisão suave e doce, olha bem no fundo de algo que ela estranhamente vai conseguindo dar forma com certo esforço, pra dizer de golpe, que não poderia ficar: porque, afinal de contas, você sabe, a verdade é que nunca fui muito fã do Chico mesmo...
By Nina.
2 Comments:
Danadinha. Cada vez mais troço.
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muito, muito, muito ótimo! mas aqui pra nós, tem que ser fã de chico sim, hein? hehehehehe. =)
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