17.6.09

De domínio publico

Era curioso. Seus dentes se pendiam perpendicularmente da esquerda para a direita.

Tinha gestos coreografados que mais tarde, pela força da observação e ofício comum, passei a reconhecer e evitar.

O furo na orelha se torna perceptível e quase necessário para descontextualizar o jersey cinza sob a camisa quadriculada de botão que um jovem senhor de 63 anos perfeitamente usaria.

Ele era jovem, mas eu não tinha certeza. A voz forte e doce.

Falava com clareza e ainda que pudesse entender-lo completamente, se o olhasse nos olhos durante o discurso, seria inevitável não empreender uma longa viagem à terras estrangeiras e bastante familiares.

Parecia uma presença que não é. Dá e tira coisas ao mesmo tempo. Não se entende.

Era desconcertante coincidir com suas idéias e por isso existia o subterfúgio mútuo do sorriso em concordância e entendimento, que ambos buscávamos inventar e construir por nada, para nada, em clara consonância com a realidade da obra em que atuávamos com grande amadorismo e precisão. Sem saber.

Havia certa função poética nessas existências.

Seria engraçado apenas observar e mais nada.

10.5.09

Desde lejos

Invento lo que soy y puedo existir.

Como no sé sentir, sigue:

"Canta encantado dominador de sonhos

serpente das estrelas.

Canta poeta imaginário

enquanto a boca,
atônita,
mira,

o irresistível,

o lascivo desejo do caos

sob teus pés".

4.12.08

Tem tempos

Ele é o vilão
das novelas mexicanas

que eu assisto

das novelas mexicanas

que eu escrevo

das novelas mexicanas

que eu insisto.

30.4.08

A visita

Just wondering:

_Que dia que ela vai me dar?

_Que dia que ele vai pedir?

9.10.07

Pra relaxar


Ainda que mal

Ainda que mal pergunte,
ainda que mal respondas;
ainda que mal te entenda,
ainda que mal repitas;
ainda que mal insista,
ainda que mal desculpes;
ainda que mal me exprima,
ainda que mal me julgues;
ainda que mal me mostre,
ainda que mal me vejas;
ainda que mal te encare,
ainda que mal te furtes;
ainda que mal te siga,
ainda que mal te voltes;
ainda que mal te ame,
ainda que mal o saibas;
ainda que mal te agarre,
ainda que mal te mates;
ainda assim te pergunto e me queimando em teu seio,
me salvo e me dano de amor.

Carlos Drummond de Andrade

13.9.07

Crédito


Ultimo romance:


ele não me suporta.

Por primaveras


Aun no llueve

y ya es casi año pasado.


lo que es cierto

Dehchomenoste

29.7.07



Creo que me falta imaginación. O valor.

Pero es que falta.


Ese tipo me tiene enamorada.

Y él sabe escribir...


Leo:


Poema


Te amo por cejas, por cabello, te dabato en corredores blanquísimos donde se juegan las fuentes de la luz.

Te discuto a cada nombre, te arranco con delicadeza de cicatriz voy poniéndote en el pelo cenizas de relámapago y cintas que dormían en la lluvia.

No quiero que tengas una forma, que seas precisamente lo que viene detrás de tu mano, porque el agua, considera el agua, y los leones cuando se disuelven en el azúcar de la fébula, y los gestos, esa arquitectura de la nada, encendiendo sus lámparas a mitad del encuentro.

Todo mañana es la pizarra donde te invento y te dibujo. pronto a borrarte, así no eres, ni tampoco con ese pelo lacio, esa sonrisa.

Busco tu suma, el borde de la copa donde le vino es también la luna y el espejo, busco esa línea que hace temblar a un hombre en una galería de museo.

Además te quiero, y hace tiempo y frío.


Julio Cortázar